Existe o silêncio que pode chamar-se vazio,porque está indicando que não há nada para dizer.
Às vezes, o vazio está escondido num excesso de palavras.
Existe o silêncio que, ao contrário, significa que tudo já foi dito.
E existe o silêncio da escuta.
Para escutar é preciso fazer silêncio, calar enquanto o outro fala.
Existe o silêncio da espera, da reflexão, do acolhimento, da admiração, da adoração, da contemplação.
Existe o silêncio habitado, pleno.
Existe o silêncio do pudor, da delicadeza, da renúncia, do isolamento, da defesa.
Existe o silêncio ofensivo, de ameaça, de cólera, de rancor, de desprezo,
de não-aceitação do outro.
Existe o silêncio de fechamento, de recusa, de escuta, de ruptura, de contato.
O silêncio deve ser cuidadosamente escutado.
Quando se calam todas as vozes, fala o silêncio.
Descobrir as palavras do silêncio é colher a essência de cada coisa, é ver o coração dos homens.
E amar é na verdade, ver o coração de uma pessoa, ver o invisível, ouvir o inaudível.
O silêncio, em sua única forma, tem muitos significados, ao contrário das
palavras que são em geral, uma diferente da outra, tendo, cada uma, seu
significado próprio.
O silêncio precisa, por isso, ser reconhecido através de seus muitos significados.
O silêncio é comunicação, porque se é ausência de palavras, não é ausência
de sentido, não é privação de uma linguagem, de uma trama comunicativa.
O silêncio é sempre altamente eloqüente, mas só para quem é capaz de
reconhecer o sentido que nele se esconde, para quem é capaz de interpretar
corretamente o motivo que o determina e lhe dá forma.
Pensando bem, o silêncio é, muitas vezes, mais eloqüente e significativo
do que qualquer outra modalidade de comunicação interpessoal, porque
é o caminho de acesso ao segredo da pessoa.
Isto, quando o silêncio é o máximo da intensidade e do recolhimento.
Nada de mim está longe de mim ou fora de mim no instante do silêncio.
Nenhuma palavra pode comunicar a totalidade, a unidade, a vivência do meu ser.
O inefável que sou eu no meu ser profundo, só pode ser comunicado através do meu silêncio, mais além de todas as palavras que são sempre fragmentárias e que podem dizer só o que é dizível.
(autor desconhecido)
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